Trump suspende permissão para importar troféus de caça 48 horas depois de ter derrubado a proibição

Donald Trump pensou duas vezes. O presidente dos Estados Unidos usou sua conta do Twitter, na noite de sexta-feira, para anunciar que “suspende” a decisão que permitia a importação de troféus de caça da África. O fim da proibição, decidido pela agência governamental para a pesca e a vida selvagem, gerou um estrondo entre os conservacionistas e até mesmo em seu próprio partido.

O magnata republicano, que durante a campanha eleitoral defendeu a paixão de seus filhos Eric e Donald pela caça, publicou a mensagem menos de 48 horas após seu próprio Governo derrubar a medida adotada em 2014 pelo democrata Barack Obama para combater o tráfico de marfim. Agora, diz que precisa de tempo para “revisar todos os fatos” em matéria de conservação.

O fim da proibição permitiria que cabeças de elefantes e outros grandes troféus de caça fossem importados de Zâmbia e do Zimbábue. Isso embora os animais selvagens estejam na lista de espécies em perigo de extinção. A explicação da agência é que a caça esportiva pode beneficiar a conservação se for bem regulada e que a renda pode ser revertida para programas nas comunidades locais.

Trump não explica por que retifica a decisão, mas anuncia a suspensão horas depois do pedido feito por um dos líderes republicanos no Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara dos Representantes para que a medida fosse reconsiderada. O representante californiano Ed Royce disse que era “uma decisão errada num momento errado”, em referência também à situação política no Zimbábue.

“Os elefantes e outros grandes animais da África são uma ‘moeda de sangue’ para as organizações terroristas e estão sendo mortos num ritmo alarmante”, afirma Royce em nota, defendendo a necessidade de salvar a vida desses “majestosos animais” também por uma questão de segurança nacional. Calcula-se que haja 400.000 elefantes selvagens na África, em comparação com cinco milhões há um século.

A opinião pública e os ativistas tampouco entendiam por que foi tomada a decisão, que é vista como um aceno às grandes fortunas que podem pagar safáris de caça. Com a polêmica, voltaram a circular as imagens dos filhos de Trump ao lado de cadáveres de espécies em perigo. Numa delas, vê-se Donald Jr. segurando o rabo de um elefante cortado com uma faca e a arma apoiada no animal morto.

O presidente, contudo, recebeu aplausos da Associação Nacional do Rifle, segundo a qual a decisão de suspender o embargo significava “um passo significativo para reconhecer a caça como uma ferramenta para a gestão da vida selvagem”. O WWF e outras organizações que defendem a preservação da vida animal alertam que há mais matanças nas zonas onde a caça esportiva é permitida.

Fonte: El País

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