A destruição causada pelo furacão Irma começa a se revelar, nesta terça-feira, no arquipélago de Florida Keys, onde quase todas as residências foram destruídas ou atingidas.
“No geral, todas as casas de Florida Keys foram afetadas de uma maneira, ou de outra”, declarou o chefe da Agência americana de Situações de Emergência (Fema), Brock Long, citando estimativas que “apontam que 25% das casas foram destruídas e 60% foram danificadas”.
O furacão Irma chegou no domingo (10) de manhã ao extremo-sul de Florida Keys, com a violência de um furacão de categoria 4, com ventos de 215 km/h, que provocaram uma elevação drástica do nível do mar.
Rebaixado na segunda-feira para tempestade tropical, Irma causou ao menos 40 mortos em sua passagem pelo Caribe e Flórida. Ele seguia nesta terça para o noroeste do território americano, provocando inundações e cheias de rios.
No resto da Flórida, menos afetada, 15 milhões de moradores continuavam sem energia elétrica. Mesma situação para cerca de um milhão de pessoas no estado vizinho da Geórgia.
O aeroporto de Miami retomou uma atividade limitada, operando nesta terça a 30% de sua capacidade. Espera-se que os serviços sejam normalizados antes do fim de semana.
– Escondidos num armário –
Muitas localidades da costa oeste americana ofereciam o mesmo espetáculo: telhados arrancados, árvores derrubadas, estradas cortadas, ruas inundadas.
Em Naples, estância balneária, foram as casas pré-fabricadas que mais sofreram. Os ventos de quase 200 km/h arrancaram partes inteiras desses imóveis muito populares e apreciados pelos aposentados.
Stasia Walsh, uma senhora septuagenária que não encontrou vaga em um abrigo, permaneceu com seu marido dentro de um armário guarnecido com um colchão durante a passagem do furacão.
A casa resistiu. “Agradeço a Deus por nos permitir sobreviver”, disse ela, descrevendo a experiência aterrorizante.
Mas foi nas ilhas do Caribe que Irma, o furacão mais poderoso já registrado no Atlântico, foi mais devastador.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o rei da Holanda viajaram nesta terça-feira para as ilhas caribenhas para constatar a extensão “sem precedentes” dos danos e tentar amenizar o descontentamento dos habitantes diante da falta de organização.
O furacão deixou pelo menos 11 mortos e vários desaparecidos nas ilhas francesas, bem como quatro na parte holandesa, de acordo com o último balanço oficial.
Macron, que ainda visitará a ilha franco-holandesa de Saint Martin e francesa de Saint Barts, as duas mais afetadas pelo Irma, não espera uma “calorosa recepção”.
“Ficamos quatro, cinco dias sem ajuda, tendo que nos defender de pessoas armadas”, declarou Fabrice, proprietário de um restaurante em Saint Martin e repatriado para a metrópole na segunda-feira.
“A gestão do Estado francês? Sinto muito, mas foi zero. Não recebemos apoio”, criticou.
– Saques –
Os comércios da ilha foram alvos de saques. “Os guardas viram as tentativas de saques em nossa loja, mas não fizeram nada”, conta Philippe Kalton, de 57 anos. “Eles me disseram que a segurança dos civis era prioridade, que o resto é puramente material e não tem importância”.
Diante desta situação, muitos moradores pensam em deixar a ilha destruída, onde o futuro parece muito incerto.
Apesar das promessas de reconstrução do governo, Valérie Bouricand, uma professora de francês, não espera encontrar trabalho em Saint Martin.
“Agora, quem poderá gastar 350 euros para que seus filhos frequentem a escola?”, questionava.
Assim como Haia, Paris estabeleceu pontes aéreas e marítimas para retirar os mais vulneráveis e, no sentido contrário, para levar carga e comida para a área atingida.
Cerca de 85 toneladas de alimentos, um milhão de litros de água e 2,2 toneladas de medicamentos já foram transportados.
Já o rei da Holanda, Willem-Alexander, visita as ilhas de Saba e Sint-Eustatius depois de passar a noite na parte holandesa de St. Martin.
Acompanhado por seu ministro do Interior, Ronald Plasterk, ele se encontrou com moradores locais e acompanhou a distribuição de ajuda humanitária.
O rei expressou seu choque diante da devastação.
“Vi coisas que eu nunca tinha visto antes. Vi a guerra e outros desastres naturais, mas nada assim, está tudo devastado”, declarou ao canal público NOS.