O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, disse na delação premiada que já está pública que acertou uma propina de R$ 6 milhões ao ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.
O empresário entregou aos investigadores mensagens pra comprovar essa versão. E nesta sexta-feira a revista “Veja” revelou a gravação de uma conversa que, segundo a publicação, confirma a negociação com o ministro sobre esse repasse de dinheiro.
Em nota, o ministro disse que não fará comentários sobre “pretensas gravações ilícitas” e que seus advogados já manifestaram ao STF sua intenção de “aclarar os fatos” e “mostrar sua inocência”.
“Os fatos que envolvem sua relação com Joesley Batista serão devidamente esclarecidos quando lhe for dada oportunidade de falar perante autoridade interessada na verdade, de maneira imparcial”, afirma a nota.
Segundo Joesley, o ministro pegou R$ 700 mil num encontro na casa do empresário. A entrega desse dinheiro ocorreu, de acordo com Joesley, no dia 24 de março.
Joesley está preso por omitir informações e pode perder os beneficios do acordo. Mas as provas apresentadas por eles continuam válidas.
A conversa gravada
Na conversa Joesley fala de dinheiro com o ministro Marcos Pereira. Ao longo da conversa, o ministro evita associar números a dinheiro.
Joesley: Deixa eu te falar, aqui, você lembra? Eu não lembro mais a conta… Como que era?
Marcos Pereira: Meia, cinco, zero…
Joesley: Como que era? Não…
Joesley: Quanto era o saldo? Não lembro mais…
Marcos Pereira: Da última vez…
Marcos Pereira: Ah, pera, não sei…
Joesley: Meia, cinco, zero… Ah…
Na conversa eles falam de valores maiores e o próprio ministro cita números:
Joesley: Dividido por 3? Um setecentos e trinta divido por três.
Marcos Pereira: Cino, sete, meia…
Joesley: Mais umas três vezes nós mata essa p…
Marcos Pereira: Pode ficar tranquilo
Joesley: o fluxo caiu
Marcos Pereira: Imagino
Joesley: Cara, o fluxo caiu. A lojinha tá vendendo menos. E eu agora só tô pegando as lojinhas nossas, né?
Fonte: G1